sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Polêmica sobre permuta de terreno deve estar na pauta da Câmara Municipal

Mais uma polêmica deve ter desdobramentos nos próximos dias na Câmara Municipal de Mossoró. Dessa vez, com um projeto de permuta de terrenos enviado à casa legislativa, defendido pelo vereador Claudionor do Santos (PEN).

A permuta, segundo o projeto, deve acontecer entre imóveis da Prefeitura Municipal e a Faculdade de Enfermagem Nova Esperança (FACENE).

Segundo alguns vereadores, no entanto, um dos terrenos que consta no projeto para a troca, localizado no bairro Abolição 4, foi doado pela Prefeitura à Faculdade, ainda na gestão da prefeita Fafá Rosado, em 2008. No entanto, a empresa não cumpriu o prazo legal de dois anos para utilização da área.

Até hoje, a FACENE nunca construiu ou investiu no terreno. Esse é o espaço que a Faculdade quer trocar com a Prefeitura, por outro, pertencente ao Executivo Municipal, localizado nos arredores do shopping da cidade, no bairro Nova Betânia.

Acontece que, segundo os legisladores, a falta de cumprimento do prazo para utilização faz com que o terreno já não deva pertencer mais à empresa. Inclusive, já havia por parte do Ministério Público, uma recomendação para que fosse devolvido à Prefeitura e uma outra licitação para nova doação.

A avaliação dos terrenos foi outro ponto de polêmica. Há quem defenda que a área localizada no bairro Nova Bethânia custe cerca de R$ 10 milhões, enquanto que o do Abolição esteja avaliado em cerca de R$ 4 milhões. Já a Prefeitura, em avaliação entregue à Câmara, informa que o primeiro espaço custa R$ 4,5 milhões.  

A Câmara Municipal, durante apresentação de projetos esta semana, pelo secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Agricultura e Turismo, Renato Fernandes, questionou esses itens e exigiu documentos que deverão ser anexados ao projeto. 

Além disso, alerta para o cumprimento da Lei de Conduta Vedada, que não permite doação ou qualquer outro benefício em ano eleitoral.

"Não iremos fazer nada fora dos trâmites legais. É preciso analisar se a lei nos permite, ou não, votar este tipo de projeto que envolve uma permuta de terreno”, explicou a vereadora Izabel Montenegro.  

Uma discussão sobre o assunto, a portas fechadas, na Câmara Municipal, aconteceu sob tensão e ânimos alterados entre o vereador Claudionor dos Santos, líder da bancada governista, e os demais que não concordaram em aprovar a permuta sem questionar. 

Nota da Prefeitura

Ainda na última terça-feira (08), o secretário Renato Fernandes solicitou aos vereadores celeridade na apreciação do projeto.

“Pedimos aos vereadores para que esse projeto entre na pauta o quanto antes. O pedido é para que não percamos o prazo junto ao MEC e, consequentemente, corramos o risco de perder quatro novos cursos que estão vindo para serem ministrados na Facene”, explicou, embora hajam questionamentos quanto aos cursos que realmente serão instalados.

Já a Prefeitura encaminhou à imprensa uma nota de esclarecimento sobre a questão: 

A Prefeitura Municipal de Mossoró vem a público esclarecer a polêmica envolvendo a permuta de terreno com a Faculdade Nova Esperança (FACENE), para a instalação de novos cursos de graduação em nível superior na área da saúde em Mossoró, como Medicina, Odontologia e Nutrição.

No ano de 2008, a Prefeitura de Mossoró realizou a doação de um terreno localizado no bairro Abolição para a construção da referida unidade, no entanto, por se tratar de um terreno invadido, ficou impossibilitada a imissão de posse do imóvel por parte da beneficiária.

O que acontece neste momento é a solicitação, à Câmara Municipal de Mossoró, de autorização para que ocorra a permuta deste imóvel por outro, fazendo cumprir o objetivo inicial da doação realizada pelo Município, ainda em 2008.

A Prefeitura esclarece que a medida não fere a legislação eleitoral, uma vez que se trata de uma permuta, e não de uma doação, o que seria conduta vedada por se tratar de ano eleitoral.

Para ocorrer a permuta, o Município realizou o levantamento do valor dos dois terrenos, que é em torno de R$ 4,5 milhões, e não de R$ 10 milhões, como chegou a ser divulgado por órgãos da imprensa local.

A gestão municipal reconhece a condição de Mossoró, atualmente ser considerada um importante polo universitário, com aproximadamente 20 mil graduandos e pós-graduandos, e atraindo para a cidade estudantes das mais diversas regiões do país, o que resulta no aquecimento da economia a partir da circulação de dinheiro nos setores de comércio e de serviços.

Por fim, a Prefeitura de Mossoró lamenta a atitude de pessoas eleitas para defender os interesses do povo mossoroense, em se colocar contra a medidas administrativas tomadas com o objetivo de manter a cidade em desenvolvimento, como neste caso, com a criação de novas cadeias econômicas que, inclusive, incentivam a educação.

Luziária Firmino Machado Bezerra
Secretária Municipal de Comunicação Social


* Com informações da Câmara Municipal de Mossoró