Matheus postou uma foto após ser barrado (Foto: Redes sociais) |
A Escola Estadual Aída Ramalho vivenciou na tarde de ontem um fato comum, mas de preconceito. Um dos estudantes foi barrado de assistir à aula por estar usando um vestido.
A atitude da direção gerou polêmica na escola.
De acordo com grupos de apoio LGBT, a escola possui fardamento, mas não é obrigatório. Inclusive, as meninas costumam ir à aula de vestido.
O Grêmio Estudantil da escola publicou uma nota de repúdio sobre a situação:
O Grêmio Estudantil da Escola Estadual Aída Ramalho emitiu uma nota de repúdio à um fato comum
Eu, Luiz Stefson Tavares Pessoa e todos os membros da Diretoria do Grêmio Estudantil Glênio Sá - GEGS, vimos a público expressar nossa indignação diante do caso de violação de direitos, discriminação e violência ocorrido na Escola Estadual Aida Ramalho Cortez Pereira. Também estamos consternados com o fato de não termos estado cientes de toda essa situação antes e portanto falhado em proteger os mais vulneráveis e mesmo já, estamos atuando para prevenir tais situações.
Na tarde de hoje, o aluno Matheus Melquias Bezerra do Nascimento, da turma de 1º Ano “D”, Turno Vespertino, foi banido de assistir aula simplesmente por estar vestindo um vestido. O aluno coloca os gestores da instituição como principais repressores e opressores. No caso, Hévila Maria Barbosa e Silva Cruz (diretora) e Geomar dos Santos Martins (vice-diretor), são os apontados como os barradores do aluno na escola, isso apenas por estar vestindo um vestido. Tendo em vista que o jovem se afirma gay, queremos que todos saibam que nós levantaremos isso como pauta dentro desta coordenação e agora mais que nunca, defenderemos os direitos dos nossos e nossas colegas gays, bissexuais, transexuais, travestis, lésbicas e afins.
O fato demonstra, além de mais um caso de homofobia dentro de uma escola, um recorrente abuso moral e físico. Manifestamos nossa total solidariedade à vítima e defendemos uma série de intervenções para mudar essa situação.
Iniciamos declarando nosso total e fundamental apoio ao aluno que, corajosamente, tornou pública a violação.
Apoiamos o trabalho sério e competente que está sendo realizado até agora pela Coordenação LGBT contra a Violência, Preconceito e Práticas Homofóbicas dentro da escola e confiamos na aprovação do seu relatório pela Assembleia Geral. Sabemos que ora apenas se inicia um longo e paciente trabalho para uma nova cultura institucional.
Depositamos nossas expectativas e esperanças nas decisões que serão tomadas a partir de agora e caminharemos para o encaminhamento do relatório à Presidência da nossa diretoria para a mudança do nome da nossa coordenação para “Coordenação de Luta e Direito LGBT” pelo Presidente do grêmio, José Ricardo de Paula Silva, que prevê ouvidoria, apoio às vítimas, responsabilização dos autores, campanhas de promoção dos direitos humanos e iniciativas de boa convivência.
Saudamos o compromisso assumido pelos alunos e por suas diversas formas organizativas, em não mais admitir nenhuma manifestação ou ato de violência e discriminação que venha atingir de maneira proposital e não sadia os aluno por gestores, docentes e funcionários.
Presentes na sociedade, a homofobia, a violência sexual, o assédio moral e o racismo afetam não só a E. E. Aida Ramalho Cortez Pereira, mas também diversas escolas da cidade, do estado, do Brasil e do mundo. Infelizmente, são ainda escassas no País as iniciativas para reconhecer e combater essas violações aos Direitos Humanos no ambiente escolar.
São urgentes e necessárias mudanças que sintonizem a escola com valores sociais de respeito às diferenças e boa convivência na pluralidade de indivíduos, com consequente formação de estudantes, gestores, docentes e funcionários adequados ao que a sociedade brasileira espera, pessoas capazes de unir a competência com a ética e o respeito aos direitos humanos.
Mossoró, 24 de outubro de 2016.
Luiz Stefson Tavares Pessoa
Nota do Blog - Em tempos de rejeição à discussão de ideologia de gênero nas escolas, o fato é muito comum. Vemos diariamente atitudes de repressão aos direitos LGBTs que vão desde barrar alguém em algum local, até assassinatos. Apesar da maré conservadora, a boa notícia é que os grupos e seus apoiadores vêm se fortalecendo para nadar contra, com a consciência e a luta pelos seus direitos.
O Blog ligou para a direção da escola, mas não conseguiu contato. Vamos buscar novamente, e estamos abertos a abrir o Blog para as explicações.