Dia de plenário e galerias cheios na CMM |
Num desgaste que vem se agravando desde abril, quando a verba de gabinete foi suspensa, o estopim se deu hoje, durante a sessão ordinária que deveria tratar de temas de interesse da cidade e também polêmicos, como a criação da Agência Reguladora dos Serviços Públicos (veja aqui) e a permuta de terreno entre a Prefeitura e a FACENE (veja aqui).
Mais de quatro horas de bate-boca se passaram e nada foi resolvido: nem a ordem do dia, e muito menos o centro do debate, as exonerações dos 143 assessores dos vereadores (veja aqui).
Além de muito bate-boca, também muita baixaria, escrachamento da vida pessoal de muitos vereadores, denúncias e ameaças entre os parlamentares mossoroenses.
De um lado o presidente e o procurador da CMM, Kennedy Salvador. De outro, os demais quase 20 vereadores, especialmente Ricardo de Dodoca (PROS), Genivan Vale (PDT), Izabel Montenegro (PMDB), Lahyre Rosado Neto (PSB), Tassyo Mardonny (PSDB) e Soldado Jadson (SD), além de representantes dos assessores exonerados.
A ex-assessora Raíssa Gabrielly utilizou o espaço da Tribuna Popular para protestar contra a demissão:
"Acompanhem o raciocínio: Jório Nogueira alega que recebeu a presidência da Câmara Municipal de Mossoró com um déficit de 770 mil reais. Ao longo desta gestão, a Casa recuperou 800 mil reais de crédito junto ao INSS e ainda economizou cerca de 2 milhões e 300 mil reais que constavam no orçamento da Casa para pagamento da verba indenizatória e despesas com comunicação que não foram efetuadas. Contudo, mesmo economizando mais de 3 milhões de reais, a Câmara ainda precisou exonerar 143 trabalhadores para poder equilibrar o orçamento em mais de um milhão de reais. Entenderam? Nós também não."
O vereador Lahyre Neto preparou uma resma de documentos para levar à Justiça.
Já Tomaz Neto (PDT), diante das mútuas acusações, propôs a criação de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) para averiguar as condutas de cada um dos parlamentares municipais ao longo dos últimos anos.
O vereador Francisco Carlos (PP) não quis se pronunciar. Acusado por Jório de ser o responsável pelo déficit na Câmara, como seu antecessor, entrou e saiu da sessão calado.
Obstrução
O resultado de tanta discussão foi nenhum. Em meio à tensão tarde adentro, a ordem do dia foi novamente obstruída pelos vereadores que afirmaram não concordar com a forma que os projetos estavam sendo apresentados: "a toque de caixa".
Os parlamentares aproveitaram para evitar a votação dos projetos "bomba" do Executivo e garantem que só voltam ao plenário após a exoneração do procurador, ocupante de cargo comissionado da confiança de Jório, Kennedy Salvador, que qualificou os vereadores mossoroenses de "corja" e os acusou, através de postagem em rede social, de utilizarem os assessores como "laranjas" em práticas ilegais de crédito consignado.