Além da carência de estrutura, UBSs também são alvos constantes de assaltos |
Em pronunciamento encerrado há poucos minutos na tribuna da Câmara Municipal de Mossoró, o vereador Petras Vinícius fez um relatório de visitas suas a dez Unidades Básicas de Saúde do Município (UBS’s) nos últimos dias, além das Unidades de Pronto-Atendimento (UPA’s). Foi o que definiu como “Marcha da Saúde”.
Sintetizou o que viu e documentou através de entrevistas, fotos e vídeos, ouvindo servidores e clientela.
Abaixo, um resumo do que ele coletou e pretende encaminhar a setores fiscalizadores da Saúde Pública:
UBS’s Chico Porto:
- Área coberta: 3 mil pessoas
- Área descoberta: 2 mil pessoas
- Apenas uma equipe (3 equipes seriam necessárias para cobrir toda a área)
- 3 médicos atendem na Unidade;
- Dentistas da Unidade estão atendendo no CEO por falta de condições estruturais nos consultórios odontológicos;
- Duas cadeiras de Dentista paradas;
- A UBS está sem gerente;
- Sem medicação para pressão e diabetes;
- Farmácia Básica com 10% de sua capacidade;
- Atendem cerca de 500 hipertensos;
- Não há sala para Assistente Social;
- Não há Segurança.
UBS Dr. Epitácio da Costa Carvalho:
- 13 fichas/dia;
- Mais de 1600 famílias cadastradas;
- Farmácia Básica com 5% de sua capacidade;
- Falta HiperDia;
- PSF sem enfermeiro há 15 dias;
- Serviços de PSF sem utensílios básicos (os funcionários estão se mobilizando para conseguir material de outros locais de trabalho);
- Duas dentistas trabalhando há 2 anos na UBS apenas com orientações, pois a energia não suporta os equipamentos quando em funcionamento;
- Médico atendendo três vezes por semana;
- Sem fardamento para ACS;
- Apenas 5 ACS trabalhando (seriam necessários mais 5 para cobrirem a demanda da área);
- Apenas uma equipe trabalhando (duas seriam necessárias para cobrir toda a área);
- 6 áreas descobertas;
- A comunidade fez doação de equipamentos de informática (uma impressora e toner);
- Vazamento na caixa de água impede funcionamento da UBS ao menos uma vez por semana;
- Material esterilizado na UPA do Alto de São Manoel;
- Unidade não possui Segurança.
UBS Dr. Aguinaldo Pereira:
- Média de 3 mil pessoas atendidas;
- 2 equipes PSF;
- Faltando 40% dos medicamentos na Farmácia Básica (HiperDia, Psicotrópicos e Analgésicos);
- Salas arrombadas por vândalos e cobertas de rachaduras e mofo;
- Há frequência nos arrombamentos;
- Unidade não possui segurança;
- À espera de licitação para reforma;
- Problemas elétricos impedem o funcionamento do Consultório de Enfermagem.
UBS Mário Lúcio de Medeiros:
- Uma equipe de PSF;
- Farmácia Básica com 20% de sua capacidade;
- Faltam cerca de 80% dos Medicamentos Psicotrópicos sem previsão de chegar;
- Quantidade razoável de remédios de pressão;
- Internet paga pelos funcionários;
- 550 famílias descobertas no Conjunto Novo;
- Comunidade entre Geraldo Melo e Alto da Pelonha, descoberta;
- Média de 3 mil famílias descobertas;
- Prédio com aluguel em atraso;
- Vários roubos, na entrada da Unidade, a populares e funcionários.
UBS Enfermeira Conchita da Escóssia Ciarlini:
- Por falta de qualquer mecanismo de Segurança, a Unidade é constantemente arrombada e alvo de vandalismo e roubos de equipamentos;
- 3 equipes de PSF;
- Há mais prontuários da área descoberta que da coberta;
- Farmácia Básica com 20% de sua capacidade;
- Analgésicos e HiperDia em falta;
- Luvas de procedimento e material de Curativo em falta;
- Material para medir glicemia em falta;
- Não há internet;
- Equipamentos pessoais dos funcionários são usados para a marcação de consultas.
UBS Dr. Lucas Benjamim:
- Unidade polo para UBS dos abolições;
- Uma equipe de PSF;
- Analgésicos e HiperDia em falta;
- Psicotrópicos em falta;
- Farmácia Básica com 30% de sua capacidade;
- Área coberta: média de 2200 pessoas;
- Área descoberta: mais de 4mil pessoas;
- Mais de 200 hipertensos;
- Não há internet na Unidade;
- Notebooks pessoais são usados para suprir demanda da Unidade que, praticamente, não possui computadores;
- Não há segurança.
UBS Dr. José Fernandes de Melo:
- Unidade polo para unidades no entorno;
- Sem Psicotrópicos;
- Sem HiperDia;
- Sem Analgésicos há meses;
- Farmácia Básica com 10% de sua capacidade;
- Medicação só é entregue pela manhã;
- Curativos e outros procedimentos são feitos à tarde, pois a sala disponível não possui condições de ser usada e pela manhã todas as outras salas estão em uso;
- Energia fraca, não suporta todos os equipamentos ligados ao mesmo tempo;
- Não possui computadores;
- Internet paga por funcionários;
- Marcação é feita quando funcionários levam seus notebooks ou o atendido leva para marcar em casa;
- Não há ASG na Unidade;
- Não há regularidade na limpeza ao entorno da Unidade;
- Os funcionários não possuem fardamento ou material para trabalhar (há meses não recebem);
- 4 áreas descobertas, mesmo com 2 equipes de PSF.
UBS Raimundo Renê Carlos de Castro:
- 12 ACS – 2 Equipes de PSF;
- Farmácia Básica com 70% de sua capacidade;
- Falta medicação para HiperDia;
- 20% de Insulina necessária;
- Dois dentistas para uma Cadeira (cada turno, um atende, de segunda a sexta);
- População reclama de poucas vagas (4 vagas para extração e 2 para restauração);
- Dois médicos (Apenas um tem carro próprio e o utiliza para visitar os pacientes em domicilio, pois quase sempre falta carro da municipalidade para acompanhar a equipe de PSF);
- Nas sextas, são atendidas as Gestantes;
- Corriqueiramente tem faltado papel para impressão de receitas e exames;
- Funcionários utilizam suas impressoras em casa para facilitar o trabalho;
- Faltam luvas de procedimento, material de curativo e material para teste de glicemia;
- Falta material de limpeza;
- Não há telefone fixo e computadores;
- Ligações são feitas dos celulares dos próprios funcionários;
- Marcações são feitas nas casas dos funcionários
- Não há internet;
- Funcionários estão fazendo “vaquinha de dinheiro” para comprar material infantil para atendimento pediátrico;
- Não há Segurança.
UBS Sinharinha Borges:
- 2 Equipes de PSF;
- 2 dentistas e 2 médicas (Uma das médicas só atende duas vezes por mês, sendo ela mesma quem escolhe o dia de atendimento – Dra. Ellen);
- 16 fichas/dia;
- Os enfermeiros dividem a mesma sala;
- Sala de curativo disponível, porém sem material (caso o paciente traga o material, o curativo será feito);
- Farmácia Básica com 20% de sua capacidade;
- Sem HiperDia;
- Sem Analgésicos;
- Não há ASG na Unidade;
- Unidade é constantemente alvo de assaltos;
- Guarda Civil passa uma vez a cada expediente;
- Muitas Infiltrações e Portas sem tranca;
- Ar-condicionado com defeito no Consultório do Dentista, Sala da Assistência Social e Enfermagem;
- Internet paga pelos funcionários;
- Botijão de gás emprestado por uma das funcionárias;
- Água e café pagos pelos funcionários.
UBS Caic:
- Está alocada na UBS José Fernandes de Melo, pois a antiga sede não a comporta;
- Falta ASG;
- Falta Digitador para marcar exames;
- Faltam folhas timbradas e folhas de ofício;
- Faltam materiais de curativo;
- Falta funcionário para trabalhar no SAME.
Segundo exposição do vereador, o principal problema é falta de remédios elementares nas UPA’s, como Decadron, Prometazina, Hidrocortizona, Furosemida, Captopril, Soro Ringer Simples, Atrovent, Vitamina K, Transamim, Ipslon, Lidocaína Gel, ABD, Hiocina, Jelcos 22 e 24, Scalps 23 e 21, Seringa de 5ml entre outros.
Servidores se sacrificam
Nas UBS também é escassa a cobertura de remédios e outros insumos, como dificuldade para atendimento à procura por vários exames, como US abdômen total, US obstetra, Oftalmológicos, Dermatológicos, Endocrinológicos e pequenas cirurgias.
“Quem banca a saúde básica em Mossoró são os servidores, a dedicação deles, o sacrifício deles, até tirando dinheiro do próprio bolso”, desabafou Petras Vinícius.
Governo x oposição
Em seu pronunciamento, Petras foi aparteado por vereadores governistas, mas nenhum contestou suas palavras e relatório. Francisco Carlos (PP), por exemplo, admitiu que “esses problemas serão amenizados, mas não creio que serão plenamente solucionados”. Licitação em andamento, disse, vai atenuar parte dos problemas.
O oposicionista Raério Cabeção (PRB) contestou o discurso do governismo, assinalando que recursos orçamentários com Gabinete da prefeita Rosalba Ciarlini (PP) e com propaganda de seu governo, “vão continuar”, enquanto o povo seguirá sofrendo. E cobrou a imprensa para falar a realidade e a verdade e não apenas “dizer que o vereador não faz nada, não fala nada”.
Nota do Blog - O trabalho denominado "Marcha da Saúde", realizado pelos vereadores oposicionistas Petras Vinicius (DEM), Ozaniel Mesquita (PR), Rondinelli Carlos (PMN), Genilson Alves (PMN) e Raério Cabeção (PRB).