As polícias não são unânimes sobre a visão conservadora adotada pela maioria dos militares no Brasil. Existe um grupo de policias que autodenomina "antifascista" e está organizado nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Norte em mais de 1.000 policiais.
Grupo participou de manifestação contra candidato Bolsonaro em Natal (Foto: Mídia Ninja) |
No estado potiguar, o grupo tem em torno de 130 policiais, entre civis e militares. A corrente defende uma política de segurança baseada no respeito aos direitos humanos, com ação cidadã.
Apesar de atuarem ativamente nestas eleições contra o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), o grupo não foi formado nos últimos meses, com o crescimento do candidato conservador, mas existe desde 2013 no país. No RN, há cerca de dois anos.
Segundo Pedro Paulo Chaves Mattos, policial civil, o grupo funciona como um local de debate de ideias, onde agentes que são contra a linha de atuação "reacionária" possam trazer, para o ambiente policial, conhecimentos e percepções de outras fontes, como acadêmicas, que não se alinham necessariamente com o Regimento Militar, por exemplo, utilizado pela PM.
Atuação dos policiais no Brasil foi destaque na imprensa internacional (Imagem: reprodução) |
Os policiais antifascistas também objetivam debater e construir junto com a sociedade, movimentos sociais e partidos, pautas e projetos sobre segurança pública. "Os partidos progressistas não tem uma visão satisfatória, por uma construção cultural, sobre o operador e o exercício da segurança pública no estado", diz o policial Pedro Mattos.
Represálias
Os representantes do grupo afirmam que represálias e ameaças são constantes dentro do ambiente de trabalho.
"A pauta não agride operador da base, mas luta contra máximas como 'bandido bom é bandido morto' e quer uma polícia mais próxima à comunidade. O motivo da reação dos colegas policiais é fruto de uma doutrina, uma cultura sustentada por gestores, policiais do comando e delegados. Nossa pauta é mais critica à estas classes e, inclusive, propõe modificações na política das gestões", explica.