Andrea Linhares fez análise em três blocos de entrevista (Imagem: reprodução) |
A postura polarizada do presidente Jair Bolsonaro representa um lado de uma polarização que já existe há um tempo no Brasil e no mundo. Ele é uma resposta a um conjunto de estratégias que acontecem na sociedade e nos partidos políticos.
A análise é da professora Andrea Linhares, socióloga, que participou do Cenário Político (TCM Telecom) desta quarta-feira (05).
Ela explanou que para entender, é importante pensar estratégias que foram adotadas pelos partidos de esquerda na democracia.
"No governo do PT, já se sentia um nível de polarização, a diferença é que não tinha resposta da outra parte", explica.
"As esquerdas no comando do poder mostraram que são tão vulneráveis e suscetíveis aos problemas do poder quanto qualquer outro partido de direita e de centro. Da década de 70 para cá, não existia mais utopia socialista, legado ético e luta de classes pra se posicionar como diferencial, porque o capitalismo venceu. E então esses partidos aderiram a uma tática de construção de identidade para busca de apoio eleitoral numa agenda multiculturalista, com questão das minorias, agenda de costumes, movimentos sociais.. Eles tiveram que problematizar as questões, tensionar, para se tornarem representantes da causa. Isso é uma estratégia, porque é assim que o partido chega ao eleitor. E agora temos um governo e um presidente, e uma estrutura de organização de soldados virtuais que dão a resposta "bateu levou" na outra ponta", esclarece.
Para a analista, apesar das polêmicas e crises geradas no Governo, o presidente Jair Bolsonaro deve manter apoio de seu eleitor "mais raiz" porque mantém coerência em seu discurso, em relação à sua história política e promessas de campanha.