A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), entidade representativa de jornalistas, ressalta que informações sobre a Covid-19 são imprescindíveis para as ações sanitárias e para a orientação correta à população. A opinião foi dada em uma nota lançada neste domingo (08).
De acordo com a nota, as "ações do Ministério da Saúde escancaram a condução desastrosa do governo federal, sob comando de Jair Bolsonaro, no combate à disseminação da Covid-19, com milhares de mortes que poderiam ser evitadas", além de "maquiar" as informações. Veja nota completa abaixo:
Em medidas que prejudicam o combate à pandemia da Covid-19, o Ministério da Saúde passou a agir para ocultar e maquiar os números de infectados e de vítimas fatais da doença. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vem a público alertar para o perigo da desinformação, que pode acarretar em medidas equivocadas, por parte dos governos e da população, com o consequente aumento do número de infectados e de mortos.
A primeira medida do Ministério da Saúde na sua escalada de ocultação de dados, foi passar a divulgar os boletins diários por volta das 22 horas, depois da exibição dos principais jornais da TV aberta brasileira.
Em fala a jornalistas, na noite do dia 5, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer: “Acabou matéria no Jornal Nacional”, admitindo que a medida foi deliberada para boicotar a divulgação jornalística dos números, o que indica mais uma grave interferência pessoal de Bolsonaro em um assunto de Estado.
Para atender os desmandos do presidente, o Ministério da Saúde também retirou do site sobre a pandemia os números consolidados, informando apenas os dados do dia. E ainda anunciou a revisão do número geral de mortos, que estariam sendo inflados pelos governos estaduais, com o objetivo de conquistar mais verbas.
A acusação leviana foi prontamente rebatida pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde.
Ao colocar os próprios governos estaduais, os técnicos da saúde e o Jornalismo profissional como adversários, Bolsonaro e seus prepostos que ocupam o Ministério da Saúde dão a entender que não interessa ao governo o real combate à pandemia. Já somos o segundo país em número de casos, e o terceiro em número de mortes, num patamar de mil óbitos por dia, número que pode estar subnotificado em meio à falta de testes.
Além disso, a reabertura das atividades econômicas nos estados pode piorar ainda mais esse cenário, num momento em que especialistas indicam que ainda nem chegamos ao pico da doença.
As ações do Ministério da Saúde escancaram a condução desastrosa do governo federal, sob comando de Jair Bolsonaro, no combate à disseminação da Covid-19, com milhares de mortes que poderiam ser evitadas com medidas que foram adotadas ao redor do mundo.
O direito à saúde e a proteção das trabalhadoras e trabalhadores devem estar acima de qualquer outro interesse, sob risco de um colapso sanitário inédito na história do país.
A FENAJ vê com preocupação a ocultação dos números consolidados da Covid-19 e alerta que a medida afeta o direito à informação e o próprio combate à disseminação da doença no país.
A ocultação e a maquiagem dos dados – que já vinham num cenário de subnotificação – pode levar a população a perder o sentido de gravidade da pandemia, com o consequente relaxamento dos cuidados e maior exposição ao contágio.
Reforçamos que o Jornalismo é parceiro dos profissionais de saúde no combate à pandemia, e essencial à sociedade, principalmente neste momento em que grupos organizados produzem desinformação envolvendo uma doença tão séria. Pesquisa recente do Instituto Datafolha aponta que 83% da população confia nos telejornais, e 79% confiam nos jornais impressos.
Conclamamos os jornalistas a continuarem exercendo seu papel social e à sociedade à defender seu direito à informação, apoiando e valorizando o Jornalismo.
Brasilia, 7 de junho de 2020
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS
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