Do Brechando.com
O Midway Mall reabriu as portas nesta terça-feira (28), e várias pessoas já esperavam o estabelecimento funcionar antes do horário determinado, que era às 12h. No entanto, a administração do shopping organizou a entrada em forma de filas e três entradas estavam disponíveis para os clientes. Além disso, tinha tapetes higienicos e o segurança media a temperatura de cada cliente. Se não estivesse com febre, podia entrar, nos mesmos moldes do supermercado.
As filas se formaram na reabertura do Midway Mall, um dos maiores shoppings de Natal (Foto: Lara Paiva) |
Então, o Brechando resolveu ir a reinauguração do maior shopping da cidade para saber o motivo das pessoas saírem de suas casas no meio da pandemia do Covid-19 para fazer compras em um local aglomerado, embora poucos admitirem que foi lá apenas para passear.
As respostas, no entanto, mostram uma Natal que está aquém da inclusão digital, visto que a maioria das respostas que recebemos poderia ser resolvida facilmente com uma compra na internet ou ter ligado para o Serviço de Atendimento ao cliente.
Confira as respostas de cada entrevistado sobre a reabertura do Midway a seguir:
Emanuel Emerenciano, primeiro na fila da entrada do shopping
Eu decidi ir ao Midway porque a Operadora Vivo é uma irresponsável. Eles nunca mais enviaram os boletos de pagamento da minha conta e agora quero saber o quanto gastei da minha fatura para que o meu serviço não fosse cortado. Eles estão colocando os clientes em risco, pois eles deveriam ter deixado os pagamentos na minha casa, depois fica cobrando os juros, ameaçam de cancelar a conta e eu tenho que ir em locais aglomerados para poder pagar. Estou aqui desde às 10 horas para resolver este problema.
Mel Cristina aproveitou a folga para ir a reabertura do Midway Mall
Eu tenho produtos para comprar e eu quero aproveitar, além de ser minha folga e não quero ir no Centro ou Alecrim fazer esse serviço. Eu tive Covid-19, mas estou tomando certos cuidados para não ter novamente, por isso eu estou sempre preparada para não me contaminar e contaminar os outros.
Larissa de Melo admitiu que veio fazer compras
Não vou mentir não, eu realmente vim fazer compras e estava em casa o tempo todo, enfurnada. Estou precisando comprar uns lençóis e travesseiros na Riachuelo. Aproveitei que o Midway abriu para comprar essas coisas mesmo.
Josinete Freitas veio resolver um problema da mãe idosa
Estou aqui para resolver pagar uma conta pendente da minha mãe, que ela não pode vir aqui por ser grupo de risco do coronavírus. Graças a Deus não peguei, mas a gente tem medo, porém com fé em Deus não vou ficar doente.
Luciano José está querendo trocar uma blusa da Renner
Eu vim fazer uma troca de roupa da Renner, que comprei na internet e não deu certo. Então, eu resolvi que iria resolver uns problemas nas redondezas próximas ao Midway e vou trocar. Já peguei Covid-19. Em mim os sintomas foram mais leves, mas para minha mãe foi mais pesado e sempre rola um medo de pegar de novo.
Luana Soares queria resolver seu chip da Tim
Eu vim para resgatar um chip da Tim, porque todas as lojas de celulares estão fechadas e aqui era o único lugar que podia resgatar. O Alecrim é aquela aglomeração, um apertando o outro e é o jeito de ir ao Midway.
Luana Coutinho, grávida de 9 meses, resolveu encarar a reabertura do Midway
Estou prestes a ter um filho, estava esperando o Midway abrir porque aqui tem mais opções para comprar e eu precisava comprar algumas coisas que faltam do enxoval da criança, como coisas para amamentação e roupinhas para levar à maternidade. Não queria arriscar de ir ao Alecrim e o Centro.
Exclusão digital
Em abril deste ano, uma pesquisa demográfica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) publicou na assessoria de imprensa da instituição de ensino que a falta de internet e menos agências bancárias disponíveis podem ser o resultado desta bolha que pode fazer com que o Brasil vire a nova Itália.
A cada três domicílios no Nordeste não possui internet e 14% dos municípios da região não têm nenhuma agência ou posto bancário para atendimento presencial.
Esses dados foram levantados pela pesquisadora Jordana Cristina de Jesus, professora do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais, identificou a dificuldade de acesso à informação especialmente nos municípios mais pobres.
Nos últimos 10 anos, 52% dos municípios nordestinos perderam agências bancárias, sendo que mais de 1,2 milhão de pessoas no Nordeste vivem em cidades sem nenhuma agência ou posto bancário.
Sem acesso à internet e sem locais de atendimento presencial, muitos dos mais vulneráveis estarão sem condições de efetivar seu direito ao benefício.
Além disso, o aumento de casos de quadrilhas explodindo caixas eletrônicos no interior do Nordeste fez com que muitos bancos fechassem as agências.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 28% dos domicílios do Rio Grande do Norte não possuem acesso à internet.
No Nordeste, esse percentual se amplia para 35%, o equivalente a 12,8 milhões de adultos. O estado do Maranhão, por exemplo, onde quase metade (46%) dos domicílios não têm acesso.
A média nacional é de 24% de domicílios em que nenhum morador tem acesso à internet.
Um quarto dos adultos desempregados no Nordeste não têm acesso à Internet em casa. Trabalhadores sem carteira assinada, por conta própria ou auxiliando suas famílias são também atingidos pela falta de acesso.
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