"É o menino pobrezinho" desfilou nas movimentações de campanha do candidato (Foto: BCR) |
A eleição de Allyson Bezerra (SDD), antes de ser uma vitória do candidato e de seu recém formado grupo, é uma vitória do antirrosalbismo como força política em Mossoró.
Com os baixos índices de aprovação da atual gestão de Rosalba Ciarlini (PP), já se tinha no radar dos melhores estrategistas de marketing político que o sentimento formava uma onda perfeita em busca de um surfista.
No início da campanha, a candidatura de Allyson disputou uma prévia eleitoral contra as candidatas Isolda Dantas (PT) e Claúdia Regina (DEM). Uma espécie de eleição interna do antirrosalbismo.
O debate da TCM, como o primeiro e mais relevante confronto direto entre os candidatos, foi o ponto de virada nesse pleito interno. Foi quando Allyson ganhou as condições de se apresentar como o candidato mais anti Rosalba.
Não se pode tirar os méritos da equipe de marketing do prefeito eleito, e ainda é preciso apontar que a eleição de Allyson contou com a ajuda do grupo rosalbista. Entre erros estratégicos e táticos, a campanha de Rosalba deu os motes para o candidato usar como troféu de seu antirrosalbismo.
Foi no debate da TCM que Rosalba soltou a alcunha de "pobrezinho" em tom jocoso contra o candidato. O marketing de Allyson se apropriou do termo e usou largamente na campanha. Combinou com outra alcunha dada também pela militância da prefeita, e virou o "menino pobrezinho".
Grande parte da população que, na eleição passada, já havia dado demonstração que desejava uma alternativa à atual prefeita, pegou a onda surfada pelo "menino", juntou-se à outra parte que se arrependeu do voto em Rosalba em 2016 e formou a maioria que deu a vitória ao jovem de 28 anos.
O desafio de Allyson e seu grupo agora é aproveitar essa onda antes que ela morra na praia, mostrar serviço e, assim, evitar que o mossoroense sinta saudade de Rosalba em 2024.
O fato de não ter uma alta fatura de campanha pra pagar deixa Allyson com a faca e o queijo na mão para fazer uma gestão bem diferente das tradicionais oligarquias que se revezaram na prefeitura nas últimas décadas.
Se for inventar de olhar pelo retrovisor pra transferir culpas, certamente ele verá o fim que todos os prefeitos eleitos em Mossoró neste século tiveram. Fafá Rosado, Cláudia Regina, Francisco José Júnior e Rosalba Ciarlini perderam o interesse do eleitor mossoroense.
Em caso de uma gestão desastrosa, abre-se em 2024 duas possibilidades: se o antirrosalbismo arrefecer, a prefeita derrotada pode voltar como um contraponto seguro ao agora festejado prefeito eleito; se o antirrosalbismo continuar forte, uma terceira via pode aparecer como alternativa a essa polarização já manjada nas próximas eleições.
A torcida é que, nessa disputa pela popularidade, pelo voto do eleitor pêndulo, quem saia ganhando seja a cidade.
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