As fotos e vídeos dessas agendas, que o próprio Governo Fátima Bezerra divulga, são a prova irrefutável desse alheamento, distanciamento e “separação de bens”, na relação do governo com a maioria de sua base
Fátima, dois ministros, vice Walter Alves e deputados do PT, na Reta Tabajara: espaço para poucos | 📷 redes sociais
Do Blog Carlos Santos: Apesar de possuir maioria multipartidária na Assembleia Legislativa do RN, ter obtido maciço apoio de prefeitos à sua reeleição e está próxima de completar cinco anos contínuos de gestão, a governadora Fátima Bezerra (PT) não forma em torno de si uma base que se sinta governo. As alianças de campanha não se convertem em coalizão. A maioria não petista está distante de quase tudo.
Exemplo dessa relação excludente, é a rotina de agendas de ministros e outras representantes do governo federal no estado, sempre com rara participação de políticos de outros partidos e forças aliadas. Mesmo na passagem do presidente Lula pelo estado (veja AQUI), num vapt-vupt em Luís Gomes (Alto Oeste do RN) dia 1º de setembro, poucos foram os deputados, prefeitos ou outros políticos não petistas que toparam se aproximar.
Com mandatos e de expressão estadual ou regional, apenas o deputado estadual Bernardo Amorim (PSDB) e a senadora Zenaide Maia deram as caras. O PT blindou o presidente para deixar claro o pertencimento. Essa é uma mensagem há muito entendida na Assembleia Legislativa, ponto nevrálgico à sustentação política de Fátima na Governadoria.
As fotos e vídeos dessas agendas, que o próprio Governo Fátima Bezerra divulga, são a prova irrefutável desse alheamento, distanciamento e “separação de bens”, na relação do governo com a maioria de sua base. A apropriação e exclusivismo do PT no uso da imagem do Governo Lula e de seus representantes, mostram no RN como é diferente o que se firma numa campanha, do que se formaliza no poder.
Frente ampla e rearranjo
A “Frente ampla” montada na corrida eleitoral do ano passado teve sua utilidade com fim eleitoreiro. Compreensível e óbvio. Na gestão, entretanto, a aliança virou um rearranjo frágil. Tudo fica ainda mais evidente, porque a banda petista não quer a divisão de espaços com outros agentes públicos da base. Ninguém tasca. O Governo Lula é do PT.
Outro caso representativo dessa realidade foi a presença de dois ministros simultaneamente em Natal, dia 16 de outubro. Os titulares das pastas da Casa Civil (Rui Costa) e Transporte (Renan Filho) – veja AQUI – apresentaram o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC III) no auditório da Escola de Governo e foram visitar obra interminável de duplicação da Reta Tabajara. Nem a importância do que foi anunciado mexeu com a base não petista.
Nomes da bancada federal prestigiaram a solenidade, mas por sua relação de alinhamento com Governo Lula. Na visita à duplicação, só a fina flor do petismo potiguar e o vice-governador Walter Alves (MDB), ungido por Lula, mas não absorvido integralmente pelo PT no RN.
Prefeito furou a “bolha” e a blindagem, tendo resultado imediato com ministro | 📷 Blog Carlos Santos
Quem quiser furar essa barreira tem que se virar, se esgueirando, pegando descuidados os ‘donos’ do Governo Lula. E se não for da base, mais ainda. Eis o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB), nessa missão. Dia 15 de setembro, quando o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT-PI), esteve em Mossoró, ele conseguiu falar sobre pautas do município. Até cartão com número de celular pessoal do ministro ele obteve, para audiência em Brasília (veja AQUI).
Furou a “bolha,” pode ser dito. Transpôs a blindagem.
Em outro ano eleitoral, já tão perto, 2024, a governadora e seu staff vão precisar repensar essa relação política. A base majoritariamente não petista na Assembleia Legislativa e de prefeitos, deve ter seus bônus também. Ser governo de segunda classe pode gerar muitos dissabores para Fátima Bezerra mais na frente.
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