quinta-feira, 11 de julho de 2024

“Ruim é o pessoal das feministas, que defende violência contra a mulher”

Após abertura de procedimento disciplinar no Conselho de Ética do Senado, Styvenson se defende: “não sou misógino”

Styvenson acusa feministas de se calarem com a violência que acontece “do seu lado”: “A violência do filho de Lula e o que aconteceu no Idema” | Foto: Reprodução

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

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Com processo disciplinar aberto pelo Conselho de Ética do Senado por fala que teria incitado a violência contra a mulher, o senador Styvenson Valentim (Podemos) parte para o ataque contra as feministas que, segundo ele, defendem a violência contra a mulher quando “se calam” diante de casos de agressão.

Em conversa com o Diário do RN, o senador cita “a violência do filho de Lula e o que aconteceu em Natal no Idema”: “São violências desse tipo contra a mulher por homens partidários, de esquerda.

Eu não vi nenhuma manifestação. Nenhuma, nem aqui no Senado, nem em canto nenhum”, aponta.

Styvenson se refere ao caso de Luis Claudio Lula da Silva, filho do presidente Lula, que foi denunciado pela ex-namorada com acusação de agressão física e psicológica, em abril deste ano.

O outro caso mencionado pelo senador teria ocorrido nesta segunda-feira (08), durante protesto liderado pelo prefeito Álvaro Dias na sede do Idema, em Natal. Um bolsista do órgão teria sido agredido por comissionados da Prefeitura porque, supostamente, agrediu uma mulher antes.

“O que se diz, o que se reverbera ou que se discute, o que se grita, não é o que se defende na prática quando a coisa é do seu lado, próximo a você. Isso aí pode ser um reflexo até do que acontece na sociedade. No dia a dia das pessoas, nas casas das pessoas”, complementa se referindo ao “silêncio” dos políticos e políticas sobre as situações.

O Procedimento disciplinar contra o senador Styvenson Valentim foi decidido em reunião nesta terça-feira (09), junto com outras seis denúncias admitidas.

A petição 7/2021 é de autoria da deputada Natália Bonavides (PT-RN). Ela o acusa de “dizer ou sugerir que uma mulher merece ser agredida”, ao comentar um caso de violência que aconteceu no município de Santo Antônio, em 15 de julho de 2021. Um policial militar, ao atender uma ocorrência de violência doméstica, agrediu física e verbalmente a própria vítima: uma mulher que pediu socorro à polícia porque o irmão estava agressivo, quebrando as coisas dentro de casa.

O policial se irritou porque a vítima pediu para que o irmão não fosse agredido durante o procedimento e a agrediu. Questionado sobre o caso, na época, o senador comentou:

“Pelo vídeo aí, eu estou vendo que ele está dando dois tapa (sic) na mulher, uns tapa (sic) bom, na mulher. Agora, eu sei lá o que essa mulher fez para merecer dois tapa. Será se ela estava calada, rezando o Pai Nosso, para levar dois tapa (sic)? Eu não sei, eu não sei”, teria dito Styvenson no vídeo.

Hoje, o senador considera que a fala pode ter sido um erro: “A minha defesa é que eu não sou misógino. Nunca bati em mulher. Não tenho registro de violência contra mulher. Entendeu? Abomino violência contra a mulher. Infelizmente a gente às vezes comete erro na fala. Mas na ação e na prática, não”.

Ele complementa, ainda, sobre sua postura em relação à fala: “Eu considero que a fala não foi esclarecida. Mas eu esclareço que eu não admito violência em ponto nenhum, em momento algum. Eu nunca disse que estava certo ou errado. Por isso que a gente vai discutir isso no Conselho de Ética, já que foi denunciado. Mas na verdade, na verdade, eu não queria ofender ninguém não. A verdade é eu nem desejo para ninguém e repudio isso em todas as esferas, em qualquer lugar”.

O parlamentar se diz “coerente” em suas ações e falas e, por isso, está “tranquilo” sobre o procedimento. Ele continua criticando a diferença de posturas: “Igualdade para todos.

Tratamento igualitário seria coerente aos discursos de muitos que defendem o combate à violência contra a mulher. Sinto esse vazio de caráter na política ao ter dois pesos e duas medidas”, finaliza.

O relator da denúncia contra Valentim é o senador Jorge Seif (PL-SC), definido após sorteio entre os integrantes do colegiado.

A partir de agora, o senador acusado será notificado pela presidência do conselho, que terá direito à defesa prévia. O representado terá dez dias úteis para apresentar defesa prévia perante à secretaria do conselho.

Oferecida a defesa prévia, o relator da representação apresentará relatório preliminar no prazo de cinco dias uteis. No caso das denúncias, o relator realizará sumariamente a verificação das procedências das informações ouvido o denunciado no prazo de cinco dias úteis contado da sua intimação — informou o presidente do conselho.

Arquivamento

Apesar do procedimento aberto, Styvenson teve outra denúncia que foi arquivada na mesma reunião do conselho. De autoria da ex-deputada Joice Hasselmann (DEN 4/2023), ela acusava o senador de ter comentado com ironia, durante live semanal no Instagram, em 2021, violência física sofrida pela denunciante. “Numa demonstração de desrespeito às mulheres e ofensa à sua honra”, afirmava na ação. O parecer pelo arquivamento foi do senador Dr. Hiran.

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