Marcelo Oliveira, candidato à reeleição, e o pai, Sandi Alves de Oliveira, foram vítimas de um atentado à bala
Marcelo Oliveira foi eleito prefeito de João Dias em 2020 e estava em campanha pela reeleição | Foto: Reprodução
Por Carol Ribeiro | Diário do RN
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O assassinato do candidato à reeleição no município de João Dias, na região Oeste do Estado, Francisco Damião de Oliveira, conhecido como Marcelo Oliveira, e do pai dele, Sandi Alves de Oliveira, nesta terça-feira, 27, chocou o município e o Estado, e deve alterar o contexto eleitoral no município.
Ferido à bala, o prefeito chegou a ser socorrido para o hospital da cidade de Catolé do Rocha, na Paraíba, mas não resistiu aos ferimentos. O pai, Sandi, não resistiu ao atentado e morreu na hora.
A polícia, até o começo da noite desta terça-feira, ainda não tinha comentado detalhes sobre a investigação do caso.
Estes foram os primeiros homicídios registrados no município de 2.076 habitantes, neste ano de 2024. No ano passado, nenhuma morte violenta intencional aconteceu em João Dias. A média foi baixa em anos anteriores. Em 2022, somente um homicídio foi registrado. Em 2020, dois. Os dados são da Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais, da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesap).
A Secretaria, em nota oficial, afirmou que foram determinados reforços policiais na região, com objetivo de identificar, localizar e prender os criminosos. A motivação também está sendo investigada.
Na esfera política, o União Brasil, partido ao qual Marcelo estava filiado, emitiu uma nota assinada pelo presidente estadual, ex-senador José Agripino. Segundo o texto, o Diretório Estadual do União Brasil repudia veementemente o assassinato, além de esperar que “as autoridades encontrem os autores desse crime bárbaro e os coloquem à disposição da justiça”.
“O Partido aguarda as investigações e acompanhará seus desdobramentos com determinação, interesse e isenção”, afirma José Agripino ao Diário do RN, se solidarizando, ainda, com os familiares e amigos das vítimas.
Já a governadora Fátima Bezerra (PT) emitiu nota nas redes sociais lamentando e classificando o crime como inaceitável. A chefe do Executivo estadual informou determinação para que as forças de segurança “ajam com empenho para apurar o crime”.
“Nenhuma forma de violência será tolerada no RN, combateremos o crime com rigor imposto pela lei”, disse a governadora.
A Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn) também se manifestou sobre o atentado.
“Este ato de violência extrema não só ceifou a vida de dois cidadãos dedicados à sua comunidade, mas também atacou, mais uma vez em nosso Estado, os pilares da democracia e da paz social”, afirmou em nota de repúdio e condolências.
A entidade se solidariza, ainda, com o sentimento de “tristeza e indignação” junto aos familiares e amigos das vítimas e cobra investigação “rigorosa e rápida”.
Com a morte do prefeito, deve assumir o posto no município o presidente da Câmara de João Dias, Jessé Oliveira, que é irmão de Marcelo Oliveira. A vice-prefeita, Damária Jácome, foi afastada por perder os direitos políticos. Jessé Oliveira assumiu cargo na Câmara Municipal após afastamento do então vereador Laete Jácome, pai de Damária Jácome. Laete perdeu direitos políticos na mesma decisão que afastou a filha.
Polícia e política em João Dias
Esta não é a primeira vez que o município de João Dias é destaque policial envolvendo personagens políticos. Em 27 de julho de 2021, o prefeito Marcelo Oliveira renunciou ao cargo, alegando ameaças de morte pelos irmãos de Damária Jácome (Republicanos), vice-prefeita afastada.
Damária, que é candidata a prefeita pelo Republicanos, e o pai, Laete Jácome, vereador que teve o cargo cassado, foram denunciados pelo Ministério Público do RN por extorsão do prefeito. De acordo com a imprensa nacional, Marcelo Oliveira havia denunciado à Justiça que os irmãos “davam a última palavra” nas decisões da Prefeitura. Os dois, Deusamor e Leidjan Jácome, foram mortos na Bahia, em outubro de 2021, onde estavam foragidos, após suposto tiroteio com a Polícia Civil.
De acordo com o MPRN, a família alcançou o poder local se associando ao PCC e usava a prefeitura de João Dias para lavar dinheiro do tráfico.
O MPRN deflagrou uma operação, fazendo com que Damária e o pai fossem processados e perdessem os direitos políticos. Com a ação, foi determinado que Francisco retornasse à Prefeitura.
Ainda em 2020, Damária, que é advogada, emitiu uma nota à imprensa sobre o que chamou de “truculência” da polícia em operação em sua residência. Ela se dizia vítima de um atentando terrorista por homens que se identificaram como policiais e, segundo ela, destruíram parte da residência. A nota foi publicada após prisão do seu pai por porte ilegal de armas.
Por sua vez, o próprio prefeito Marcelo Oliveira teve, em 07 de julho de 2024, Habeas Corpus Preventivo negado pelo Tribunal de Justiça do RN. Ele buscava obter salvo-conduto para não ser preso por estar sendo investigado como suspeito de ser o mandante de um duplo homicídio que aconteceu em agosto de 2023, inclusive com inquéritos abertos pela Polícia Civil por suspeita de homicídio, corrupção e formação de milícia privada.
Segundo as investigações, uma das vítimas, Francisco Jacinto Bezerra de Mesquita, “Galeguinho”, teria sido um dos autores de um atentado contra o prefeito, o que teria motivado a vingança. Já Cezanildo Alves de Oliveira, “Preto”, que era primo do prefeito, teria sido morto como queima de arquivo.aa
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