Marina, a filha, é acusada de tomar o partido do pai, Fábio Marinho. A briga pelo poder em Jandaíra rachou a família
Marina diz não acreditar que pai seja conivente com práticas de violência sofridas por ela. O pai nega que defendeu outro candidato, mas vai "até o fim" contra decisão do MDB | Foto: Reprodução |
Por Carol Ribeiro | Diário do RN
Veja matéria no site de origem aqui.
A briga entre pai e filha no município de Jandaíra alcançou a esfera judicial. A prefeita Marina Marinho (PT) e o pai, Fábio Marinho (MDB), têm tido divergências políticas e partidárias desde as definições para filiações e atingiu estopim, até agora, em judicialização da convenção do MDB.
A tentativa era de anular a convenção realizada pela coligação PT e MDB no dia 27 de julho e suspender a dissolução do Diretório Municipal do partido e a destituição de Fabio da presidência do partido local, decisão tomada pelo MDB estadual após as divergências com Fabinho, como é conhecido. A decisão fora acatada em primeira instância, mas o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE), suspendeu, na última quinta-feira (1), os efeitos da sentença.
A decisão do juiz Marcello Rocha Lopes confirma a legalidade das pré-candidaturas de Reginaldo Vitorino (PT) a prefeito e do vice-prefeito, Roberto de Udo (MDB) e garante a participação dos candidatos do partido no pleito eleitoral de 2024, composição defendida por Marina e pelo MDB estadual.
Destituído da presidência do MDB, Fábio Marinho, que passou mais de 30 anos no comando municipal da sigla, perdeu a ação no TRE, mas diz que “vai até o fim” para reverter a decisão do MDB Estadual.
“Me tiraram (da presidência do MDB) quando fizeram a dissolução, destituíram o diretório e eu não achei correto e achei por bem entrar na Justiça. (…) Não achei correta a maneira que o partido MDB fez a dissolução do diretório. Eu tenho 30 e poucos anos de partido. Fui prefeito três vezes do MDB, uma outra vez vice-prefeito”, disse Fábio Marinho em rápida conversa com o Diário do RN, afirmando não querer falar mais sobre o assunto.
O coordenador da campanha do MDB, Antonioni Almeida, acusa que a iniciativa de destituição do Diretório local veio da prefeita Marina, e que “só vê como uma demonstração de poder político”.
“Ela lançou seu candidato pelo PT, tinha todos os prazos para lançar o vice em qualquer partido.
Uma chapa pura se quisesse. Mas escolheu esse caminho de derrubar a presidência do pai. Esse, filiado há mais de 30 anos no MDB. Eu não entendo porque entrar nesse caminho”, afirmou.
Por informações do outro lado, a divergência vem, no entanto, pela discordância do pai de Marina sobre o apoio que ela definiu para sua sucessão.
A prefeita Marina, que tem boa aprovação popular em Jandaíra, defende que o nome do seu candidato surgiu de “forma natural”: “O nome de Reginaldo Vitorino surgiu de forma muito natural para a sucessão de um projeto de reconstrução de Jandaíra. Diante disso, eu decidi ser firme e manter a escolha do meu candidato”, disse ela, em nota, ao Diário do RN.
Já em vídeos das redes sociais, em abril, Marina foi incisiva sobre as alianças que estariam sendo defendidas pelo pai por interesses pessoais. “Não faço e não farei nenhuma aliança política que tenha como foco exclusivamente interesses pessoais, ainda que isso me custe o afastamento do meu pai. Como filha ele sabe que pode contar comigo para o que ele precisar, sabe do amor e da admiração que tenho por ele, mas como política vou buscar o que eu acredito que é melhor para Jandaíra e nosso povo”.
No mesmo vídeo ela se queixou de ataques sofridos por quem ela disse acreditar que ele não estaria conivente.
“Eu sei e quero acreditar que ele não é conivente com as práticas de violência, discursos de ódio e fake news por parte de pessoas ligadas a ele. Eu não acredito que o meu pai apoie esse tipo de conduta, que ele seja conivente com esse tipo de postura pelo simples fato de eu ser mulher e ter um posicionamento político diferente do dele”.
Após a decisão da Justiça favorável a ela, a prefeita, também em vídeo do Instagram, criticou indiretamente o pai e adversário político: “Ficamos muito felizes em saber que amor o bem e a justiça venceu mais uma vez e vai continuar vencendo”.
Ela associou, ainda, o comportamento de Fabinho a um “retrocesso”. “Eu sou uma mulher de coragem e determinada e tenho certeza que vocês vão sempre poder contar comigo. Jandaíra já decidiu e não vai permitir nenhum dia de retrocesso”.
De acordo com o MDB estadual, Fabio Marinho não concordou com a coligação do partido com o PT e defendia uma candidatura ao Republicanos, em oposição ao PT. A chapa do Republicanos em Jandaíra é formada são Ricardo Paulino a prefeito e Marylia Bezerra, do PSDB, a vice.
Ao Diário do RN, Fábio nega que tenha defendido candidato de outro partido: “Não, não falei nada de candidato do Republicanos não”. O coordenador do MDB nega qualquer apoio a candidato de outro partido e descumprimento à resolução do MDB que prioriza a coligação com o PT.
O MDB local realizou outra convenção, no dia 02 de agosto. O coordenador afirma que a coligação com o PT foi mantida. As atas das duas convenções realizadas pelo partido constam no sistema do TRE.
Postar um comentário