quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Rogério Marinho sabia do plano de golpe e desaconselhou Bolsonaro

Apesar de ter tratado fatos como “narrativas forçadas e perseguições”, senador é citado por golpistas em relatório da PF

Senador Rogério Marinho teria conversado com o então presidente Jair Bolsonaro e desaconselhado o golpe, sugerindo que ele poderia voltar ao poder pela via democrática, em 2026 | Foto: Reprodução

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

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“As informações que envolvem Rogério Marinho – repassadas por pessoas de seu grupo – revelam que ele sabia do plano do golpe. Se ele pediu para o seu chefe ter “paciência” é porque ele sabia que o mesmo estava “impaciente”, óbvio. No caso, estava tramando e coordenando o golpe”, a análise do deputado federal potiguar, Fernando Mineiro (PT), que forma a base de Lula no Congresso, desfaz o discurso criado por alguns nomes de aliados de Bolsonaro, incluindo o senador Rogério Marinho (PL), de que as informações de planejamento de golpe de Estado seriam inventadas pelos opositores de Jair Bolsonaro.

“A cada dia surgem informações que evidenciam quem está falando a verdade e quem está mentindo. Por isso eu disse – e reafirmo – que qualquer outra atitude que não seja a firme condenação da tentativa de golpe é ser cúmplice de crimimosos”, ressalta o deputado federal.

Depois do senador potiguar Rogério Marinho (PL) tratar os fatos da Operação Contragolpe, divulgados pela Polícia Federal, como “narrativas” criadas pela esquerda, novas informações sobre o caso revelam que o secretário nacional do PL e presidente do partido no RN tinha conhecimento dos planos para um golpe de Estado no país. Além disso, teria desaconselhado Bolsonaro e seus auxiliares da ideia de implementar a trama no caso que envolvia, inclusive, o assassinato do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (MDB) e do Ministro do STF, Alexandre de Moraes. Ao desaconselhar o então presidente da República, os fatos revelam que Bolsonaro estava propenso a executar o planejado.

Desde que as informações do relatório da PF tornaram-se públicas, Rogério Marinho coloca os fatos divulgados pela Polícia Federal como “narrativas forçadas e perseguições” por parte da Justiça e “tentativas de silenciar a direita conservadora e, consequentemente, grande parte do povo brasileiro”.

Nesta terça-feira (27), à noite, o líder da oposição no Senado abordou o assunto em pronunciamento na sessão plenária do Senado. A fala foi feita poucas horas antes da divulgação de que ele tinha conhecimento sobre o planejamento de Bolsonaro, dos auxiliares da linha de frente do Governo passado e militares sobre o golpe.

Sem saber que seu nome seria mencionado em um dos documentos que revelam conversas de Mauro Cid com Braga Neto, Marinho disse no Senado que o Brasil “vive um regime de exceção” e que o país vê um “desfile incessante dos que defendem arbítrio e repressão, dos que querem calar e emudecer os que pensam diferente”.

O senador disse, ainda: “Nós queremos que a Constituição seja cumprida, a volta da normalidade democrática, o escudo que nos protege, que a lei possa voltar a vigorar no nosso país”, se referindo à Operação da PF e atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) contra as articulações para um golpe de Estado, que pretendia utilizar as Forças Armadas para garantir a permanência do presidente derrotado nas urnas e incluía a remoção de todos os ministros do STF sem o devido processo legal.

Anotações encontradas pela Polícia Federal (PF) revelaram que os militares bolsonaristas envolvidos na trama teriam demonstrado insatisfação com o líder da oposição no Senado. De acordo com o site Metrópoles, em uma folha com mensagens do delator Mauro Cid repassadas ao general Braga Netto, consta a frase: “Ressentimento com a parte política da direita: Rogério Marinho”.

A decepção com Marinho teria acontecido porque o parlamentar foi contra iniciativas que levassem a uma ruptura democrática. O parlamentar tentou convencer o entorno do então presidente a “virar a página e ter paciência” para que Bolsonaro voltasse ao poder em 2026 pela via eleitoral.

Pelos dados, Rogério Marinho teria argumentado que o ex-presidente tinha o “apoio de 50% da população” e que o PT “não saberia governar”, abrindo espaço para o retorno da direita ao Planalto. Marinho tinha, naquele momento, relação diária e muito próxima com o então presidente.

“O contexto do documento é grave e revela que, possivelmente, foram feitas perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial, as quais foram respondidas pelo próprio”, afirmou a Polícia Federal.

A reportagem do Diário do RN entrou em contato com Rogério Marinho, através de sua assessoria de imprensa, para obter posicionamento sobre as novas informações, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

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