quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Femurn: após vídeo, Styvenson é acusado de chantagem

Já o candidato do senador afirma que chantagem não ocorre por parte do senador, mas vem do Governo do RN e da Assembleia Legislativa

Em vídeo, Styvenson afirma que prefeitos são livres para decidir voto à Femurn, mas ele futuramente será livre para direcionar as emendas parlamentares | Foto: Reprodução

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

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De um lado, o candidato é do grupo é da governadora Fátima Bezerra (PT). Do outro, o postulante é alinhado com os senadores Rogério Marinho (PL) e Styvenson Valentim (Podemos). A disputa entre Pedro Henrique (PSDB), prefeito de Pedra Preta, e Babá Pereira (PL), ex-prefeito de São Tomé, à presidência da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn) tem tomado contornos de polarização nos bastidores. A eleição para este biênio, 2025-2026, acontece hoje (15), durante a manhã, com votação dos prefeitos de forma online via aplicativo.

Na última sexta-feira (10), o senador Styvenson Valentim, apoiador de Babá para a presidência da Federação, levantou polêmica sobre a eleição. Ao mesmo tempo em que criticou a oposição por “subterfúgio ilícito”, sem detalhar, deixou claro que a liberdade dos prefeitos em votar no candidato que quisessem, incidia em sua liberdade para decidir futuramente nos direcionamentos das emendas parlamentares. Para Styvenson, isto não é chantagem.

“Ou você tem palavra, meu amigo, e você cumpre, ou você diz de que lado está, porque o lado de lá, do lado que está em oposição ao candidato que eu apoio está apoiado por Fátima [Bezerra], por Walter [Alves], nada contra. Você é livre, prefeito, para votar, como você sabe também que eu sou livre para poder futuramente decidir alguns direcionamentos e eu não estou usando isso como arma de chantagem, de amedrontação, como estão fazendo nas ligações ou nas reuniões”, afirma o senador, denunciando chantagem pelo lado oposto ao seu.

Ele criticou o que chamou de “jogo duplo” dos bastidores:

“2025 está na hora de parar de ter duas caras na política do Rio Grande. Está na hora de parar de jogar duplamente, de dizer uma coisa para mim, uma coisa para o outro e para o outro. Amigo, eu não estou usando emendas como troca. Eu não estou usando recursos do partido, eu não estou usando nada de subterfugio ilícito para convencer o voto de prefeito nenhum, mas acho que está bom da gente parar com esse tipo de política nesse Estado”.

Babá Ferreira, que recebe o apoio de Styvenson, embora não tenha nome citado no vídeo, concorda com o senador e afirma que a chantagem vem, na verdade, por parte do Governo do RN e da Assembleia Legislativa.

“O que está ocorrendo muito é o Governo e a Assembleia oferecendo cargos para o pessoal votar em Pedro Henrique. Tem vários prefeitos que têm me ligado, recebendo promessas de asfalto e várias outras coisas, enfim, em troca do apoio ao Pedro Henrique”, denuncia Babá em conversa com a reportagem.

O candidato, que registrou chapa na última sexta-feira (10), admite ao Diário do RN o alinhamento com o projeto de Rogério Marinho, mas garante que isso não deve interferir em sua atuação caso eleito presidente da entidade. “Eu pessoalmente sou alinhado ao projeto, mas, enquanto presidente da federação, eu separo totalmente isso. Isso nunca vai estar misturado”, afirmou.

“Inclusive, quando fui presidente da federação, aproveitei o momento em que tínhamos dois ministros do estado e procurei benefícios para os municípios. Tanto o Fábio Faria quanto o Rogério Marinho ajudaram os municípios, independentemente de cor partidária, através da federação. Se, por exemplo, Mineiro ou Natália chegarem a ser ministros, vou procurá-los da mesma forma que procurei Rogério e Fábio Faria na época. Vou procurar a governadora, os senadores e a bancada federal para que todos ajudem os municípios”, promete Babá.

“Governo quer evitar comitê eleitoral da oposição dentro da Femurn”, diz Pedro Henrique

“Eu afirmo com toda certeza: nem a Assembleia Legislativa nem o Governo do Estado estão oferecendo vantagem em troca de votos. As relações são institucionais. Os prefeitos têm conversado com o governo e com os deputados da Assembleia, assim como conversam com os deputados que apoiam a candidatura de Babá”. Esta afirmação é do candidato Pedro Henrique, candidato à presidência da Femurn em oposição a Babá Pereira.

Garantindo mais de 80 votos em seu nome, o prefeito de Pedra Preta, apoiado por Fátima Bezerra, afirma que “o sentimento de vitória antecipada da chapa de Babá já não existe mais”, segundo ele, justamente por causa da “pressão dos parlamentares que apoiam Babá”.

“A pressão que tem sido dada por alguns parlamentares para o voto em troca de emendas, tem tido efeito contrário. Alguns prefeitos estão se sentindo constrangidos com essa pressão e estão me ligando e declarando voto a mim. Talvez não declarem publicamente para evitar represálias”, avisa Pedro Henrique.

O candidato explica que seu projeto prioritário é implantar “a real independência da instituição”.

“O relacionamento deve ser institucional e não político. As posições políticas se decidem nos municípios, mas a federação precisa defender pautas municipalistas independentemente de ideologia. As decisões precisam ser discutidas com a diretoria e compartilhadas, buscando as opiniões dos 167 prefeitos, e não de um grupo fechado que decida os rumos da diretoria e as decisões da Femurn”, afirma Pedro.

Diante disso, ele garante que a participação do Governo na defesa de sua chapa quer evitar a influência de políticos dentro do funcionamento da Federação: “O governo é parceiro de alguns municípios e tem buscado, claro, apoio à nossa chapa para não implantar dentro da Femurn novamente um comitê eleitoral de oposição, que não é o papel da federação. Então o governo tem ajudado junto com alguns parlamentares”.

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