quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Aliados de Bolsonaro classificam denúncia da PGR como “circense”

Rogério Marinho classifica acusação como “não surpreendente” e afirma que denúncia contra ex-presidente é inconstitucional

Para Rogério, uma “trama mirabolante” / Girão: “Ação inescrupulosa e fantasiosa” / Gonçalves: “Vivendo uma anomalia jurídica” / Azevedo: “Momento de ameaça da democracia” | Foto: Reprodução

Por Lia Pinheiro | Diário do RN

Parlamentares potiguares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comentaram a denúncia que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra ele e um grupo de aliados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Eles classificam a acusação como “não surpreendente”, “trama mirabolante”, “cortina de fumaça”, “fruto de criatividade”, “inescrupulosa”, “fantasiosa” e “circense”.

Principal nome ligado ao ex-chefe do Executivo federal no Rio Grande do Norte, o ex-ministro bolsonarista [na pasta do Desenvolvimento Regional] e atual líder da oposição do senado Rogério Marinho (PL) afirmou que a denúncia não causou surpresa. A declaração foi dada em nota à imprensa, divulgada ainda na terça-feira (18).

“A própria imprensa, por meio de vazamentos seletivos, já anunciava, inclusive, a pena que seria pedida. Certos de sua inocência, esperamos com serenidade que a justiça seja feita e que, finalmente, sejam observados os princípios do juízo natural, do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal”, disse no documento.

Já na quarta (19), em coletiva de imprensa realizada na Câmara dos Deputados, o senador declarou que o caso se trata de uma “trama mirabolante” e que, no momento, há uma distopia no país, onde há uma hipertrofia de um poder sobre os demais.

“Eu diria até uma invasão de direitos fundamentais e constitucionais dos cidadãos brasileiros. Nós afirmamos que este processo é inconstitucional porque atenta contra a dignidade das pessoas do cidadão contra o ordenamento jurídico quanto ao princípio do juiz natural princípio da dignidade humana contra a liberdade de expressão e de opinião”, declarou.

“Como é que nós podemos acreditar na isenção deste processo, na isenção de um ministro que preside esse inquérito e é o mesmo ministro que se coloca como inimigo e adversário do principal acusado, e se coloca como a vítima de uma eventual trama?”, questionou Rogério em outro momento da coletiva.

O deputado federal General Girão (PL), por sua vez, afirmou que a denúncia é “inescrupulosa e fantasiosa”, visando impedir a participação de Bolsonaro na disputa presidencial de 2026, e funcionando como uma “cortina de fumaça” e um “alívio” para a atual gestão petista no Executivo Federal.

“Tudo não passa de mais uma ação inescrupulosa e sobretudo fantasiosa para impedir que Jair Bolsonaro possa concorrer à presidência em 2026”, declarou.

“Enquanto lutamos para que prevaleça a verdade, o governo Lula celebra o momentâneo alívio endossado por mais uma narrativa mirabolante”, disse.

Acreditando na inocência do ex-presidente, ele disse, ainda, crer que “a verdade há de prevalecer.

Para o deputado federal Sargento Gonçalves (PL) a denúncia se trata de “fruto de uma criatividade” do MPF.

“Infelizmente, no nosso país, estamos vivendo uma anomalia jurídica. Se nós tivéssemos numa estabilidade jurídica constitucional no nosso país, éramos para estar muito tranquilos, porque de fato, como eu disse, não era nem para ter existido um indiciamento, quanto mais a apresentação de denúncia”, opinou.

“É uma denúncia fantasiosa. Como falar em democracia, em Estado Democrático de Direito, onde um acusado não tem um direito de defesa pleno? Por exemplo, os advogados dessas pessoas que estão sendo acusadas, como o general Braga Neto, com uma conduta ilibada, mais de 40 anos prestados à nação, ao exército brasileiro, e a defesa não teve acesso às delações. Delações mentirosas, foram 11 delações e sempre o delator mudando ali a narrativa, trazendo um novo elemento”, completou.

O parlamentar disse, ainda, que a acusação é uma “narrativa fajuta” que acontece em um “momento de instabilidade” do governo, que está “derretendo 24% de aprovação”. Declarou, ainda, que o caso é uma tentativa de calar “de vez” a oposição, se tratando de uma “perseguição político-ideológica”.

O deputado estadual Coronel Azevedo (PL) também destacou o fato de a denúncia ser efetuada em um momento de queda da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal opositor de Bolsonaro.

“O ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro foi acusado ontem, exatamente quando o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece com a maior impopularidade da sua história. Um momento de ameaça da democracia”, disse.

Para Azevedo, a acusação da PGR é uma “denúncia circense”, que, caso siga nos mesmos rumos, terá um julgamento “digno de Alice no País das Maravilhas”, em que a sentença viria antes do veredito.

“Quando os juízes assumem ares de militância, o senso de justiça dá lugar a polarização e os tribunais que deveriam pacificar conflitos tornam-se mais um palco de disputa política”, declarou.

Postar um comentário