sábado, 8 de março de 2025

Dia da Mulher: 71% das mulheres já sofreram violência no deslocamento

97% das brasileiras sentem medo de sofrer violência quando se deslocam pela cidade; 80% declaram “sentir muito medo”

Ilustração: Sofia Lima

Por Agência Patrícia Galvão

Entre as mulheres LBT, 84% passaram por violência e, entre as pretas, 82%. Imensa maioria das mulheres quer mais policiamento e iluminação e apoia políticas públicas que contribuam para aumentar sua sensação de segurança quando se movimentam pela cidade. 

A pesquisa “Vivências e demandas das mulheres por segurança no deslocamento”, realizada pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber, ouviu mais de 4.000 brasileiras que utilizam diferentes formas de transporte em seu cotidiano. O estudo, de abrangência nacional, também destaca resultados de nove capitais: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Os resultados evidenciam a permanência de um padrão preocupante: a maioria das entrevistadas relatam ter enfrentado situações de violência, como importunação, assédio sexual e até estupro, durante seus deslocamentos pelas cidades. 

Assalto, sequestro, estupro e assédio/importunação sexual são os principais temores das brasileiras quando saem de casa e circulam pela cidade.



71% das mulheres já sofreram violência durante seus deslocamentos

Entre as mulheres LBT, 84% passaram por violência e entre as pretas, 82%. E enquanto 26% das mulheres declararam já terem sofrido assalto/furto/sequestro relâmpago, no Rio de Janeiro foram 48%.



Falta de policiamento e iluminação e ruas vazias são fatores que mais geram insegurança

As mulheres percebem que a sensação de insegurança deve-se à ausência de políticas públicas que poderiam tornar seu deslocamento mais seguro e apontam a ausência de policiamento e de iluminação e as ruas desertas como principais fatores que contribuem com a sensação de insegurança. A falta de policiamento é mencionada por 56% das entrevistadas em geral; esse número sobe para 63% entre as moradoras da periferia e para 69% entre as residentes na cidade do Rio de Janeiro.




Maioria das violências ocorreu quando as mulheres estavam a pé ou no ônibus 

A pesquisa captou as impressões e vivências das brasileiras nos seus deslocamentos urbanos: 4 em cada 10 mulheres saem de casa pelo menos 5 dias por semana. Mulheres negras e pobres utilizam mais o ônibus e a caminhada como principais meios de transporte, enquanto mulheres ricas usam mais carro particular. Entre os meios de locomoção em que as mulheres brasileiras já vivenciaram uma situação de violência, maioria declara que estava a pé. 




Mulheres recorrem a estratégias individuais para reduzir insegurança 

A imensa maioria das mulheres adota medidas individuais para aumentar a sensação de segurança durante seus deslocamentos. Mas isso traz inconvenientes e cerceia seu direito de usufruir a cidade de forma plena. Assim, elas evitam passar por locais desertos ou escuros, escolhem onde se sentar no transporte coletivo, evitam sair à noite e usar certos tipos de roupas e costumam avisar alguém quando saem ou chegam ao destino.



Mulheres atribuem às prefeituras maior parte da responsabilidade por sua segurança

A prefeitura é identificada como principal responsável pela iluminação, gestão de parques e espaços desocupados e transporte por ônibus, enquanto divide a responsabilidade pelos transportes ferroviários e segurança pública com o governo estadual. 



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