Símbolos como coelhinho e ovos de chocolate lembram significados da data cristã que celebra a ressurreição de Cristo
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Foto: reprodução web |
Por Lia Pinheiro | Diário do RN
Dom João Cardoso, Arcebispo Metropolitano de Natal enviou uma mensagem especial ao Diário do RN sobre a Semana Santa e o signficado da Páscoa para os fiéis católicos:
“Com afeto pastoral e espírito fraterno, dirijo-me a você que, nos mais diversos espaços da vida pública e social, se dedica à promoção do bem comum e à construção de uma sociedade mais justa, solidária e pacífica. Que a luz da Ressurreição do Senhor o(a) envolva com esperança, alegria e paz!
A Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo é o fundamento da fé cristã e o sinal definitivo do amor incondicional de Deus por nós. Trata-se do evento mais extraordinário da história humana: o que era humanamente impensável aconteceu — “Jesus de Nazaré… Deus o ressuscitou, libertando-o dos grilhões da morte” (At 2, 22-24).
Na manhã da Ressurreição, ressoa o anúncio que transforma o mundo: Cristo ressuscitou! A vida venceu a morte, o amor triunfou sobre o pecado, e a luz dissipou as trevas! Este anúncio reacende a esperança! O Ressuscitado caminha à nossa frente, precede-nos em nossos caminhos e, assim como pediu aos discípulos (Mt 28,7), também nos convida a voltar à Galileia — ao primeiro amor, às origens da fé — para recomeçar com esperança viva e coração renovado.
A Páscoa não é uma simples lembrança de um fato passado. É a celebração de uma presença viva e transformadora: o Senhor ressuscitado, que nos impulsiona a caminhar com coragem, alegria e confiança. Cristo vive! Com Ele, sempre é possível recomeçar. Com Ele, tudo pode ser recriado!
Neste Ano Jubilar, como Peregrinos de Esperança, somos chamados a contemplar os desafios do presente com os olhos da fé. O Ressuscitado nos inspira a promover uma cultura de paz, justiça, ternura e reconciliação.
A Arquidiocese de Natal reafirma sua disposição de caminhar com você, fortalecendo os laços de comunhão, diálogo e cooperação, certos de que, juntos, podemos ser sinais do Reino de Deus na história.
Sigamos unidos como parceiros e peregrinos da esperança! Que o Cristo Ressuscitado abençoe e renove sua vida, sua missão e sua família!”.
João Santos Cardoso, Arcebispo Metropolitano de Natal
Por que há uma data fixa para o Natal, mas não para a Páscoa?
O vigário paroquial da Catedral Metropolitana de Natal, padre Yago Carvalho, explica que a liturgia da Igreja Católica é baseada em um calendário lunar. “Nós, no Ocidente, não temos uma data fixa porque a liturgia da Igreja, ou seja, as missas, são baseadas num calendário lunar, de acordo com a fase da lua”.
A definição para a data em que é celebrada a ressurreição de Cristo aconteceu durante o Concílio de Niceia, no ano de 325 depois de Cristo. No encontro, tido como o primeiro concílio ecumênico realizado pela Igreja Católica, ficou decidido que a Páscoa seria comemorada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que acorre após o equinócio de outono, no Hemisfério Sul, e da primavera, no Hemisfério Norte.
Tendo uma data móvel, a celebração pode se dar entre 22 de março e 25 de abril. A definição da data impacta outros eventos, como o Carnaval, já que a quarta-feira após a terça de Carnaval marca o começo da Quaresma, os 40 dias que antecedem a Semana Santa.
No último mês de janeiro, o Papa Francisco anunciou que a Igreja Católica pretende escolher uma data fixa para celebrar Páscoa, de maneira uniforme para todas as denominações cristãs. De acordo com o padre Yago, porém, esse processo ainda deve ser muito debatido.
“O Papa fixando essa data, teríamos uma data permanente para a celebração da Páscoa, consequentemente de tantas outras da vida da Igreja. Ainda é um processo, ainda precisa ser visto, estudado, analisado e bastante discutido, porque isso vai interferir inclusive no calendário como um todo”, explica.
Ovos de chocolate e coelhos estão desconexos do verdadeiro significado da Páscoa? A Igreja explica
Os ovos de chocolate e a figura do coelho são vistos muitas vezes como itens puramente comerciais, que não têm relação com a celebração religiosa da Páscoa. Será que é isso mesmo? De acordo com o padre Francisco de Assis Barbosa, esses símbolos lembram, sim, significados da data cristã, não sendo tradições a se “deixar de lado”.
“A gente vê que o coelho é um animal de reprodução muito ligeira. O ovo é uma vida, é uma nova vida. É e aí as pessoas durante muito tempo cultivaram essa parte mais comercial do tempo da Páscoa, o que não dá não é uma coisa assim de se deixar de lado porque, de certa forma, a Páscoa é um momento celebrativo, e chocolate adoça a nossa vida e tem essa conotação também”, explica.
“A gente vai ver várias situações, várias coisas que envolve essa questão da Páscoa, que não é só focado no comercial, mas envolve toda uma situação de vida. É a geração de uma nova vida. Há muitas tradições de esconder os ovos, da caça ao ovo, e isso faz com que a gente se dê conta de que realmente Páscoa não é só um significado lá no dicionário. Lembra a passagem do povo de Deus que atravessa o deserto dos pecados, que chega à terra prometida, que tem todo um compromisso de fé, tem toda uma afirmação do compromisso de levar adiante uma aliança, mas agora é diferente. Essa Páscoa é muito mais do que uma passagem, uma renovação total”, afirma.
Mas ele destaca que a Páscoa deve ser buscada por cada um, que deve aceitar e viver o chamado para uma vida nova. “Ou eu faço minha Páscoa acontecer ou eu vou ficar pelo meio do caminho, caçando uma Páscoa que só existe na cabeça da gente e não naquilo que é o mistério da palavra de Deus, que é o convite de Jesus para sermos criaturas novas”, conclui.
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