Ex-senador e ex-presidente da Petrobras deverá decidir se permanece ou não no PT a tempo de trabalhar possibilidades para 2026
Por Carol Ribeiro | Diário do RN
Após entrevista à 98FM, em que admite insatisfação com o PT por ter sido excluído das últimas decisões partidárias e pré-eleitorais do grupo – incluindo a pré-candidatura de Cadu Xavier ao Governo do RN pela base governista – o ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates (PT), afirmou que estabeleceu para si um prazo que considera razoável para que tome uma decisão sobre mudança de partido ou permanência no PT. “Eu acho que tenho até pelo menos junho, julho, meados do meio do ano, para abrir todas as possibilidades que vão acontecer. Não estou com pressa”, afirmou ao Diário do RN, nesta quinta-feira (24).
Apesar de Prates ressaltar que não tem pressa, o prazo pode ser útil caso o ex-senador se candidate a algum cargo eletivo em 2026. “Se for o caso de entrar para o processo eleitoral, de trabalhar previamente, trabalhar eleitoralmente”, completa.
A possibilidade de mudança de partido foi aberta por Jean-Paul após os últimos passos e decisões do Partido dos Trabalhadores, ao qual é filiado, sem que ele tenha participado de qualquer momento de decisão e escolha, segundo ele.
“Já estão preenchendo todas as situações e ninguém me consultou para nada, ninguém perguntou nada. Então, estou imaginando que, para o PT, eu não tenho nenhuma utilidade nesse momento. (…) Eu aceito perfeitamente que, se o partido não tem projeto para mim, não tem função para mim hoje, eu tenho também a liberdade de, procurar uma legenda, ou até não procurar ninguém. Sair da política momentaneamente”, avisa.
Jean-Paul acredita que vão acontecer conversas ainda com o PT dentro desse período, mas desde que deixou a presidência da Petrobras, no ano passado, vem recebendo convites de siglas partidárias. De acordo com o ex-senador, há dois critérios que devem definir um provável novo destino partidário.
“Em primeiro lugar, os critérios orgânicos. Tem que ser uma coisa identificada com a esquerda ou centro-esquerda. Eu não saio do campo da esquerda. Eu acho que o Brasil precisa de reflexões, de coisas sociais, inclusive, e eu acho que a direita não me propicia isso. Eu não me vejo em um partido de direita, absolutamente. E circunstancial, eu acho que a gente tem que estar num partido que tenha uma estrutura, que esteja na base do governo, mas que tenha autonomia clara, corpo, para não depender totalmente do governo”, afirma Jean, que chegou a indicar Márcia Maia para o comando do PDT, mas afirma que o partido pode não ser o seu “plano B, necessariamente”.
Apesar destas considerações, Jean-Paul não admite se quer ser candidato, mas se coloca como “disponível” para ser encaixado em algum projeto de grupo ou partido. Ele defende que o conhecimento que tem no campo econômico poderia ser melhor aproveitado dentro da esquerda e, por isso, se coloca como uma possibilidade eleitoral.
“Eu gostaria de continuar a vida publica, provavelmente disputando um mandato porque eu adquiri um certo reconhecimento, para não perder isso, em prol de todo o campo que estou me referindo aqui. Acho que temos poucas pessoas no nosso campo que dialogam com as forças de mercado, com as pessoas que empreendem, não faltam gente para abordar temas sociais, isso não falta na esquerda, mas falta quem consegue teorizar e entregar projetos da área econômica. Eu acho que a gente não pode se dar ao luxo de perder recursos desse tipo”, afirma.
Ele observa a situação do PT e da esquerda como um todo no país, sem o comando dos maiores estados, e defende seu nome como uma contribuição.
“Um partido que tem hoje, ou um campo até, que tem hoje, contra si o governo do Rio de Janeiro, o governo de São Paulo, o governo de Minas, do Rio Grande do Sul, tem os quatro principais Estados que não são da sua base. Mais o Paraná, mais Goiás, mais outros estados importantes.
Será que pode abrir mão de uma pessoa que conseguiu ocupar um cargo na presidência da Petrobras, entregar o melhor resultado da história, ter uma história importante como senador, mesmo estando na oposição, em áreas importantes?”, questiona, alertando, o ex-senador.
Rompimento com Fátima
Apesar disso, o ex-senador não admite que a situação signifique um rompimento com o partido, nem com Fátima Bezerra (PT). Ele reitera que não deverá tomar decisão nenhuma sem antes conversar com a governadora, para não tornar “desconfortável”, ao contrário do que aconteceu após anúncio de Cadu Xavier.
“Eu vou procurá-la no momento certo, ou se ela vier, a gente vai falar, vai se encontrar de algum jeito. Essa conversa, para mim, seria igualmente desconfortável, como deve ter sido para ela, igualmente, anunciar um candidato eventualmente, sem a gente ter conversado. E seria fazer a mesma coisa com ela. Então, eu não gostaria de fazer isso”, ressalta.
A decisão, conforme Prates, partirá do cenário que possa existir para ele, para o PT e para o conjunto. “A gente pode até discordar de política dentro do governo — ela tem assuntos, eu também tenho, todo mundo tem uma crítica, alguma coisa interna para falar — mas para construir”, reafirma.
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