terça-feira, 15 de abril de 2025

“Não tenho condição de fazer defesa do Governo do Estado”, diz Allyson

Prefeito de Mossoró critica condução do Governo estadual e se coloca como oposição à Fátima Bezerra para 2026

Allyson afirmou não ter restrição para sentar e conversar nem com Rogério, nem Styvenson, nem Álvaro | Foto: Reprodução

Por Carol Ribeiro | Diário do RN

O prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB), foi categórico ao comentar a atuação do Governo estadual. Allyson não deixou margem para dúvidas quanto à sua posição em relação ao Governo de Fátima Bezerra (PT).

“Tem um canto que eu não estou. Eu não estou no lado do Governo, porque eu não tenho condição de fazer uma defesa do Governo do Estado”, afirmou.

Em visita à capital do Estado para eventos de lançamento do Mossoró Cidade Junina, o prefeito da 2ª maior cidade do RN concedeu entrevista nesta quinta-feira (10) aos jornalistas Túlio Lemos, Thiago Rebolo e Saulo Spinelli, em conjunto à 98 FM e ao Diário do RN. A íntegra da conversa irá ao ar nesta sexta-feira (11), no programa 12 em Ponto, da 98 FM.

“Raimundo e Cadu estão plenamente certos na avaliação que eles fizeram”, disse o prefeito mossoroense sobre declarações dadas pelo secretário-chefe da casa Civil nesta semana, pelo pré-candidato ao Governo do PT, na semana passada, respectivamente. Os dois afirmaram que nem mesmo o próprio Allyson vislumbra ser o candidato do Governo, porque segue fazendo oposição ao Governo Fátima.

Para a avaliação da gestão estadual, o prefeito comparou diretamente os indicadores de Mossoró com os do Estado, especialmente na educação.

“Eu que estou lá em Mossoró, trabalhando com a nossa equipe, com a nossa Secretaria de Educação, elevando os números do IDEB em Mossoró […] quando comparo, a educação do Governo do Estado é o pior de todas”.

O prefeito também criticou a situação da infraestrutura e da saúde no RN.

“As pessoas estão olhando as estradas aqui da Paraíba, estão comparando com as estradas do Rio Grande do Norte, e são as piores possíveis”, disse.

E completou:

“Estamos construindo 20 obras de saúde ao mesmo tempo, 15 unidades básicas de saúde, quatro CAPs para a saúde mental e uma grande policlínica. Aí eu vou fazer uma defesa da saúde pública do Estado, sabendo que nesse momento estão os corredores do Tarcísio Maia em Mossoró e do Walfredo Gurgel aqui em Natal lotados, terceirizados sem receber, médicos com cinco meses de atraso. Como é que eu ia fazer uma defesa dessas?”, questiona o chefe do executivo Municipal de Mossoró.

Nesse contexto, o prefeito se coloca como parte integrante da oposição e se dispõe a discutir um projeto com “todos aqueles que queiram discutir um projeto de desenvolvimento para o Estado, que não esteja atrelado a esse continuísmo desses últimos anos, eu penso que tem que conversar”, diz ele, se referindo, inclusive, à senadora Zenaide Maia (PSD), e o grupo da direita.

A senadora Zenaide, aliada de Allyson – e a quem ele reforça o compromisso de apoio ao Senado para 2026 – é vice-líder do Governo Lula no Senado e pode compor chapa com Fátima Bezerra.

Allyson, entretanto, apoia que ela sente para conversar com a direita.

O prefeito negou que perduram problemas de relacionamento com Rogério Marinho, presidente do PL no RN e secretário nacional do partido.

“Olha, não tenho nenhum problema com o senador. Foi durante a campanha passada, foi ano passado, ele esteve em outro lado, lá em Mossoró. Tudo bem, é uma opinião dele”, afirmou ao se referir ao rompimento dos dois durante a pré-campanha municipal em Mossoró.

Relembrou ainda que apoiou Rogério na disputa ao Senado em 2022: “Eu apoiei, fui para a rua, fiz campanha. Ele sabe disso e é público e notório”. Quando questionado sobre a alegação de Marinho de que teria “feito corpo mole”, rebateu: “Não, eu acredito que o senador sabe do trabalho que foi feito, porque está tudo lá gravado, é social. E os números também”.

Allyson defendeu uma relação institucional com o senador:

“Ele é senador. Eu sou prefeito de Mossoró. Então, nós temos sim que, com certeza, conversar. […] A política tem que ser feita com essa civilidade”.

Ele afirma que não tem problema nenhum em sentar para conversar nem com o senador Styvenson (PSDB) – com quem não tem boas relações, ou com Marinho, ou com o ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos), que há algumas semanas afirmou que Allyson era muito novo e não deveria se candidatar:

“Como é que eu vou me chatear com alguém que diz que eu sou novo demais? Lá em Mossoró, na rua, o povo chama de meu menino. Menino é alguém que é muito novo, né? Então, não tenho nenhum problema de alguém me chamar de menino, ou de novo, ou de novinho”.

Disputa estadual e alianças partidárias

Allyson não admitiu candidatura ao Governo em 2026. Manteve o foco em ações administrativas à Mossoró e construção de um projeto para o RN como prefeito de uma das maiores cidades do Estado.

“Eu defendo que antes de discutir nomes, nós possamos discutir um projeto de Estado. Eu quero fazer parte dessa discussão e tenho obrigação de fazer parte, porque eu sou prefeito da segunda maior cidade do Estado e é uma cidade que tem pujança econômica”, ressaltou.

Questionado se isso significa que pode estar dentre os nomes como possível candidato a governador, respondeu: “Isso significa que eu estou disposto a discutir um projeto de Estado”, contornou.

Ao frisar a necessidade de discutir ideias, e não nomes, evitou cravar posições eleitorais, principalmente em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Disse que o debate sobre a sucessão presidencial está fora de hora.

“Já lhe falei que esse não é o momento de discutir nomes ainda para o Governo do Estado, que dirá para o presidente da República. Se a gente for discutir nomes agora, vai travar o debate”, concluiu.

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